(Hélio Augusto dos S. P. Ribeiro)
SENHOR,
Quando eu puder sorrir por entre lágrimas,
viver a vida sem temer a morte
e aceitar a morte como a própria vida;
Quando eu puder amar a quem feroz me odeia,
saciar a fome dos que me desprezam
e por causar tais males lhes pedir perdão;
Quando eu puder, senhor, curvar-me à mão que me castiga,
bendizer a terra que me nega o pão
e doar meu pão a quem me nega a terra;
Quando eu puder a gota de água derradeira,
deixar àquele que me quer matar
por piedade do seu sofrimento;
SENHOR,
Quando eu clamar justiça quando todos calam,
silenciar-me quando todos gritam
e lutar sozinho quando todos fogem;
Quando eu souber ser rico não possuindo nada,
conservar-me pobre afortunado sendo
e manter-me honesto quando todos roubam;
Quando eu souber, Senhor, na solidão de minh'alma,
aceitar a treva como embebido em luz
e no fulgor da luz não esquecer a treva;
Quando eu souber, Senhor, como os santos sabem
conquistar o mundo para que sirva aos pobres
e sentir-me triste por lhes dar tão pouco,
buscarei Senhor, à sombra do Teu Martírio
o lugar de APRENDIZ DA TUA LIÇÃO.