segunda-feira, 29 de julho de 2013

FIQUE INFORMADO


Escravidão no campo, ainda? 

 A maioria dos empresários exploradores que mantém escravos em fazendas de pecuária no interior do país,  podemos saber quem são. Vez por outra, aparece na lista o nome de uma multinacional ou de uma empresa muito conhecida, como foi o caso do Friboi, que em 2007, quando ainda era JBSFriboi, foi flagrado com trabalho escravo em sua cadeia produtiva. Levou o golpe mas parece ter se ajustado. 
Mas quem são esses trabalhadores que se deixam escravizar dessa forma?  A maioria é analfabeta, não tem endereço certo, largou a família e vive trocando sua força de trabalho por comida. Há ainda os que só conseguem obter um registro de nascimento depois que são resgatados da situação de escravos.
Como são “capturados”? Com promessas. Na vendinha da comunidade chega um homem que não mora no local e começa a contar maravilhas sobre um lugar que está precisando de gente para trabalhar e paga bem. Quem está desempregado junta a trouxa e segue caminho. Quando chega ao local recebe ferramentas sem saber que vai ter que pagar por elas, assim como a comida que compra no único comércio da região, do próprio dono da fazenda. O pior é que a cena é conhecida por muitos de nós, já foi mostrada até em novelas. E continua a acontecer. Falta informação, garantem especialistas.
Infelizmente, não é “privilégio” do Brasil ter pessoas em condições análogas à escravidão. No mundo todo, segundo a OIT, são 21 milhões que trabalham sob total precariedade. 
Sabemos quem são os empresários, sabemos o perfil dos escravizados, sabemos como eles são capturados. E sempre me perguntei: o que leva o ser humano a se deixar escravizar dessa forma? Falta de oportunidades. Falta de um Estado forte, mais regulador, menos envolvido em corrupções. E um sistema econômico excludente na maioria das vezes.
Não são mesmo só os R$ 0,20.

Amélia Gonzalez - jornalista

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