sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Vacinação

Nos próximos cinco anos, o Brasil vai parar de vacinar bovinos 

Guilherme Henrique Figueiredo Marques, diretor do Departamento de Saúde Animal do Mapa, fala sobre os próximos passos para a erradicação total da febre aftosa no País

Fábio Moitinho
Dentro de cinco anos, o Brasil poderá integrar um seleto grupo, hoje formado por 68 países. Entre eles estão potências globais, como os Estados Unidos, a Alemanha e o Canadá, e também vizinhos como o Chile, o Peru e até o Suriname. Esses países são considerados zonas livres de febre aftosa sem vacinação, certificados pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês), com sede em Paris. O trabalho não será fácil para uma doença transmitida por vírus e que pode levar à morte bovinos e também bubalinos, ovinos, caprinos, suínos e animais silvestres. Até aqui, o País já lutou por quase seis décadas para erradicar a doença do rebanho bovino. Só para comparação, os americanos realizaram tal tarefa em 1929. “De forma gradual, a meta é parar de vacinar o gado”, diz o médico veterinário Guilherme Henrique Figueiredo Marques, 48 anos, diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e representante do Brasil na OIE. Marques vai comandar os 18,5 mil servidores nessa tarefa, em 5,5 mil escritórios de vigilância sanitária no País. Dono de um mercado global da ordem de US$ 6,3 bilhões em exportações, o Brasil poderia ganhar mais se a febre aftosa, ou a presença atenuada do vírus em vacinas, não fosse um impeditivo para que muitos países ainda deixem de comprar carne aqui ou a desvalorize por questões sanitárias.
DINHEIRO RURAL – Por que o Brasil demorou tanto tempo para ter o status de país livre de febre aftosa, embora ainda com vacinação?
GUILHERME HENRIQUE FIGUEIREDO MARQUES – Porque, até no início da década de 1990, a OIE apenas reconhecia livre da doença um país como um todo. Essa condição somente foi alcançada pelo Brasil neste ano. O País se tornou o maior exportador de carne bovina porque em 1992 a OIE estabeleceu uma nova regra internacional. Por ela, foi possível dividir o Brasil em zonas livres e ir solicitando o reconhecimento por etapas. Aos poucos, foram criadas as zonas livres com vacinação, um trabalho de quase 60 anos. Foi muito tempo, sim, especialmente porque somos um país continental, com 220 milhões de bovinos que se tornou o maior rebanho comercial do mundo. Se a regra de 1990 tivesse sido mantida, somente a partir de agora o País passaria a ser um grande exportador para muitos mercados.

Vasto campo: o País é dono do maior rebanho comercial de bovinos do mundo, com 218,2 milhões de animais (Crédito:Divulgação)

Fonte:http://acaopopular.net/jornal/nos-proximos-cinco-anos-o-brasil-vai-parar-de-vacinar-bovinos/
Colaboração: Eunice Costa

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