Geovani Martins: um orgulhoso fenômeno literário da favela
Livro de estreia do jovem autor carioca já foi vendido para 9 países e vai virar filme dirigido por Karim Aïnouz (Praia do Futuro)
Em 2015, após participar da programação paralela da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), onde apresentou contos juntamente com colegas de oficinas literárias das favelas do Rio, Geovani Martins convenceu a mãe, dona Neide, a bancá-lo mais uma vez. Argumentou que precisava ficar sem trabalhar um tempo para escrever um livro - e que esse livro iria mudar a sua vida.
Desempregado, sem profissão e obrigado a mudar de casa mais uma vez (uma constante em sua vida), ele ganhou da mãe e do padrasto uma máquina de escrever de segunda mão para realizar o seu sonho de escrever um romance (e ganhar algum dinheiro com ele, claro).
Três anos depois, Geovani Martins, 26, pode se orgulhar da promessa feita a dona Neide. O romance não saiu, mas o seu livro de contos O Sol na Cabeça (Companhias das Letras | livro: R$ 34,90 | e-book: R$ 23,90 | 119 páginas) coleciona elogios de grandes nomes da cultura nacional, como Chico Buarque ("Fiquei chapado", disse o cantor e escritor), João Moreira Salles e Milton Hatoum, já foi vendido para ser editado em nove países e será adaptado para o cinema.
Orgulho da favela - Confiante em seu potencial literário, Geovani conta, por telefone, que acreditava na repercussão que o livro teria, mas que não esperava tanto barulho, incluindo o fato de ter sido vendido para editoras europeias importantes, como a inglesa Faber & Faber e a francesa Gallimard, antes mesmo de ser publicado no Brasil.
“Em 2013, quando participei pela primeira vez da Flup (Festa Literária das Periferias) e tive contato com escritores, editores e outros iniciantes, entendi que queria ser escritor. Foi um momento importante, tive três contos publicados numa coletânea. Ver o que está acontecendo agora me deixa feliz, mostra que tomei a decisão certa”, afirma.
Nascido em Bangu, na Zona Oeste do Rio, e morador das comunidades da Rocinha e Vidigal (atualmente) desde os 13 anos, Geovani é mais uma prova do quão um jovem pode ser talentoso e pop (no sentido mais amplo do termo) numa favela.
----
Esperança - Enquanto vive o momento intenso de divulgação de O Sol na Cabeça, Geovani Martins já pensa no próximo livro. “Agora vai sair o romance (risos). O que me atrai é o que não sei fazer. A história vai se passar na Rocinha, entre 2011 e 2013, e terei dois ou três anos para escrever”.
Fonte: correio24horas.com.br
Colaboração: Eunice Costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário