Edição Especial - Violências
Em reportagem, analisa-se, por meio de estudos e especialistas, a preocupante letalidade policial. Segundo o 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, policiais civis e militares assassinaram 3.345 pessoas no Brasil, em 2015. Um aumento de 6,3% em relação ao ano anterior. A edição traz também matéria que aponta a importância e a insuficiência das corregedorias e ouvidorias que sofrem forte resistência a qualquer ação de controle. Em entrevista, Luiz Eduardo Soares, ex-secretário nacional de Segurança Pública, conta a histórias das UPPs e desnuda o modelo de segurança pública e conceitos de violência. Para ele, a desmilitarização da Polícia Militar seria um passo importante para avançar, mudando a corporação e a tornando mais próxima às comunidades, eliminando as incursões bélicas que culminam em morte e dor.São diversos os tipos de violência praticadas e sofridas ao longo da história da humanidade. Algumas delas, inclusive, são autorizadas e até mesmo endossadas no cotidiano. O ponta-pé inicial da construção deste especial foi levantar a questão: quem sofre a violência mais grave, os homicídios, na sociedade moderna. E quem mais a pratica? De um lado, uma população jovem, negra e das periferias são sacados de suas vidas por serem quem são; e de outro, policiais treinados em uma instituição militar, construída na base da violência, e que são hiperexplorados do trabalho.
O tema sobre a cultura do medo é tratado em reportagem que aponta como este sentimento, alimentado por meio de campanhas eleitorais e programas televisivos, influencia diretamente em resultados nas urnas e aumentam significativamente a venda de artigos e serviços de segurança, e que nem sempre esse medo é real e evolui rapidamente para uma sociedade punitivista e que enxerga no encarceramento, também, a solução para a insegurança. Em um cenário como esse, a pauta da privatização dos presídios ganha lobby no Congresso. Esta edição especial traz também um artigo sobre a função do encarceramento em massa e a hiperlotação dos estabelecimentos prisionais para o fortalecimento de organizações criminosas; outro sobre como o medo é construído e inviabiliza o outro, construindo muros e afastando as pessoas; e um último sobre a violência praticada pela bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia) no Congresso, que transcende as paredes e ganha forma no cotidiano.
ColaboraçCarmen Costa
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