terça-feira, 27 de setembro de 2016

REFORMA DO ENSINO MÉDIO

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Colaboração: Carmen Costa

Especialistas fazem ressalvas à reforma do ensino médio







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Diante das mudanças anunciadas pelo Ministério da Educação (MEC), que podem começar a ser implementadas já em 2017, especialistas em educação ouvidos pelo O POVO apresentam ressalvas em relação ao projeto de novo ensino médio. Entre as críticas principais, eles apontam a falta de ampla discussão com educadores e a possibilidade de que o investimento de R$ 1,5 bilhão seja insuficiente para o que se pretende executar.

A professora do Núcleo de Avaliação Educacional da Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal do Ceará (UFC) Adriana Eufrásio Braga acredita que a Medida Provisória (MP) é uma mudança muito brusca para ser implementada em tão pouco tempo e salienta a carência de uma “ampla discussão com os educadores do ensino médio”.



Sobre a flexibilização do currículo e a ênfase no ensino técnico, a professora cita a lei 5.692, de 1971 que regia a educação à época. “Vejo um certo retrocesso. Essa lei enalteceu a formação (técnica). É outro cenário, mas é a mesma essência, e essa lei fracassou”, relembra.



Para a professora, os itinerários educativos de livre escolha podem, em vez de priorizar a vocação individual, esbarrar na estrutura de cada escola. “Passa de uma possibilidade ampla a ficar condicionada ao que for oferecido pela escola”.



Enéas Arrais Neto, professor da Faced, defende que a expansão da carga horária de 800 horas/aula para 1.400 h/a pode tornar o ensino menos atrativo, se ocorrer de forma errada. “O tempo integral tem que promover arte, música, esporte. Os estudantes estão na adolescência, suas visões de mundo são outras”, argumentou.



Nesse contexto, o simples aumento da carga horária para obtenção de resultados na avaliação da etapa “aumenta a prensa no sistema educativo. Arrisca termos escolas com altos índices de suicídio”, alerta.



Mesmo antes do pronunciamento do Governo Federal, na tarde de ontem, notícias sobre a reforma já circulavam pelo País. De todas, a que mais gerou polêmica foi a possibilidade de disciplinas como Sociologia, Filosofia e Educação Física serem retiradas do currículo escolar obrigatório.



O MEC, por meio de assessoria, informou por telefone que a informação é equivocada, uma vez que ainda está em discussão a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que será analisada e formulada com participação dos Estados. Na ocasião da divulgação do novo ensino médio, o ministro da Educação Mendonça Filho disse que o assunto deve ser tratado a partir de outubro com o Conselho Nacional de Secretários da Educação (Consed). (Domitila Andrade e Luana Severo)


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