terça-feira, 27 de setembro de 2016

INSPIRAÇÃO

Soneto de devoção
Essa mulher que se arremessa, fria 
E lúbrica aos meus braços, e nos seios 
Me arrebata e me beija e balbucia 
Versos, votos de amor e nomes feios. 

Essa mulher, flor de melancolia 
Que se ri dos meus pálidos receios 
A única entre todas a quem dei 
Os carinhos que nunca a outra daria. 

Essa mulher que a cada amor proclama 
A miséria e a grandeza de quem ama 
E guarda a marca dos meus dentes nela. 

Essa mulher é um mundo! — uma cadela 
Talvez... — mas na moldura de uma cama 
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

Vinicius de Moraes

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- Kant "Quem não sabe o que busca,  não identifica o que acha." Colaboração: Itazir  de  Freitas