Amar meu próximo como a mim mesmo não é convencê-lo a viver como eu vivo, mas deixá-lo viver o que ele, de forma consciente, deseja viver"
Assim que nascemos, iniciamos um processo de educação, através do qual assimilamos valores e convenções sociais.
Ao longo da vida, no entanto, nos esquecemos que esses valores e convenções são criações humanas e não verdades absolutas. O nosso universo pode ser construído e desconstruído de acordo com a visão de mundo do ser humano. O amadurecimento humano começa com a reflexão sobre o que realmente desejamos desta existência e como queremos construí-la. Para isso, é necessário que o ser humano seja autônomo.
Em outras palavras, que comece a analisar com sua própria consciência tudo o que a família, a religião, a sociedade e a educação formal o transmite como padrão de comportamento. Na escolha livre do que desejamos viver está a beleza da existência. O problema reside nas pessoas que não se permitem ser livres e, exatamente por isso, não toleram a liberdade dos outros.
São, muitas vezes, as pessoas medrosas que exigem dos outros um comportamento padronizado. Como são escravos de um sistema ou de um padrão, querem que os outros também se mantenham escravos. A postura autoritária de muitas pessoas faz com que o direito individual da liberdade não seja respeitado. Em nome da moral e dos bons costumes, muitas pessoas acabam passando os limites de sua própria vida e invadindo o limite da liberdade do outro.
Construir uma sociedade sadia é respeitar o estilo de vida do outro, desde que isso não represente limitação da liberdade dos demais. Viver em sociedade é muito simples, mas o ser humano tem a tendência de complicar suas relações. Tudo seria mais fácil e menos pesado se as pessoas facilitassem a vida dos outros permitindo que elas simplesmente vivam. É aqui que começa a máxima cristã do “ame ao próximo como a ti mesmo”. Amar meu próximo como a mim mesmo não é convencê-lo a viver como eu vivo, mas deixá-lo viver o que ele, de forma consciente, deseja viver.
Se respeito suas opções estou amando meu próximo e permitindo que ele seja quem ele é. Afinal, amar significa se sentir bem com a felicidade do outro. Amar significa deixar com que o outro seja e possa se desenvolver da sua forma e não da forma como eu espero que ele se desenvolva. Aqui está a contradição das religiões. A religião oficial deseja moldar a vida dos fiéis conforme regras morais, como se essas fossem divinas. O que há de divino na mensagem religiosa é o amor. Quando as religiões impõem um comportamento que deve ser padrão, elas estão matando a capacidade divina de amar, elas estão matando a única força divina que existe no ser humano.
A religião deve proporcionar às pessoas um ambiente no qual o amor é desenvolvido. Infelizmente, o que as religiões estão fazendo é criar uma mentalidade de rebanho, na qual as pessoas deixam de pensar por si mesmas e acabam indo contra a seus próprios sentimentos bons. Quem realmente deseja um mundo melhor precisa estar atento para não entrar no rebanho. É preciso ser simplesmente uma pessoa capaz de amar.
Colaboração: Carmen Costa
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