Não há como prever que Barragem de Sobradinho continuará enchendo, diz representante da Chesf
Quase 40 anos depois de Sá & Guarabyra cantarem na música “Sobradinho” que “o sertão vai virar mar”, o sertão está voltando a ser sertão. O lago baiano criado pela represa que inspirou a música está praticamente no volume morto, com cerca de 2% de seu volume útil, nos menores níveis de sua história. Muitas das cidades cantadas na música que foram alagadas com a formação do lago –que é o maior das hidrelétricas do país (o triplo do tamanho da capital paulista) – estão com ruínas visíveis.
A previsão era que ele chegasse ao volume morto neste mês, mas uma chuva inesperada no norte de Minas Gerais e da Bahia fez o reservatório subir pela primeira vez no ano, saindo de 1% para 1,98% na última quarta-feira (23).
José Airton, diretor de operações da Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), diz não há segurança de que vá seguir enchendo. Se Sobradinho chegar ao volume morto, as duas das seis turbinas da usina que ainda estão operando terão de ser desligadas. Serão 170 MWh que deixam de ser gerados para o sistema elétrico que terão de ser compensados com energia mais cara.
Mesmo no volume morto, Sobradinho ainda reserva algo equivalente a quatro sistemas de abastecimento da Grande São Paulo cheios. Segundo Airton, é preciso administrar bem essa quantidade para evitar um colapso.
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Produção agrícola
O governo decidiu por uma nova redução da vazão da represa. A vazão mínima deveria ser de 1.300 m³/s para garantir que até a foz haverá água suficiente para manter os ecossistemas do rio. Atualmente é de 800 m³/s, ante os 900 m³/s que vinha funcionando.
A redução deverá aumentar os conflitos já existentes. A quantidade menor é defendida por quem usa a água do lago, como os irrigantes da região de Petrolina, que dependem disso para a produção agrícola. Mas é combatida por quem está na parte à frente do rio, sob o argumento de que há risco de a água ficar mais poluída e criar algas que trazem bactérias, tornando-a imprópria para consumo humano. (fonte: Folhapress/
Blog de Carlos Britto
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