quinta-feira, 29 de outubro de 2015

INSTINTO PARTENAL


COMPORTAMENTO: Os pais de semana - O novo "instinto paternal" ganha espaço na justiça e reconfigura famílias



Até bem pouco tempo quando um casal se separava os filhos ficavam com a mãe, o pai pagava a pensão e fazia visitas nos fins de semana, a cada oito ou quinze dias, daí surgir a expressão “pai de fim de semana”, pois era só nesse período que os pais tinha contato com seus filhos. As coisas foram mudando. Não só as mulheres alcançaram outras posições e foram para o mercado de trabalho, como os homens passaram a assumir a paternidade de forma mais ativa e participativa.

O que antes poderia parecer estranho, hoje é de fato mais comum, como os pais que participam do parto de seus filhos, seja na sala de cirurgia ou fazendo força junto com a mãe no parto humanizado. Levar ao pediatra, à escola, fazer compras e trocar figurinhas sobre educação com outros pais é tão comum aos homens hoje, quanto sempre foi às mulheres.

Vem caindo em desuso a expressão “instinto maternal” que, segundo alguns especialistas em psicologia e áreas afins, é dotada de preconceitos e funciona como uma forma de manter a mãe dentro de casa. Segundo Luiz Cushinir, autor de livros como “Os bastidores do Amor”, ninguém assume o papel de ninguém, pai é pai e mãe é mãe, “Cada um deve exercer  seu papel a partir de seu próprio referencial de gênero. Não é porque um pai cuida de um filho, mesmo que pequeno, que ele deve ser chamado de maternal. Ele pode fazê-lo da perspectiva de um homem, portanto como pai. Acompanhar estudos, cuidar da higiene, ensinar bons hábitos devem ser realizados dessa maneira.”

Do ponto de vista legal o artigo 1.584 do NCC (A GUARDA DOS FILHOS EM CASO DE SEPARAÇÃO) diz que a guarda do filho ficará com o cônjuge que reunir melhores condições de exercê-la. Dessa forma, não há mais a predileção pela mãe, o novo código ressalta a isonomia entre os cônjuges. Outra modalidade de guarda que vem aumentando no Brasil é a chamada Guarda Compartilhada, onde pais e mães dividem as responsabilidades, obrigações e direitos na educação do filho.

Conversamos com Ana Paula Almeida, Juíza de Direito do Estado de Pernambuco que atua na vara de Família. Para a juíza, as mudanças na organização familiar já vinham exigindo a alteração da legislação, já que a dinâmica da família há muito vem demonstrando a maior participação do homem na criação dos filhos. Por outro lado, ainda somos culturalmente condicionados a acreditar que a mãe é a pessoa mais apta a ficar com os filhos após a separação de um casal. Ainda é difícil o pai procurar a justiça para pedir a guarda, mas já há muitos casos.


Jornal do Commercio

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- Kant "Quem não sabe o que busca,  não identifica o que acha." Colaboração: Itazir  de  Freitas