Cuidado do câncer no Brasil é tardio e insuficiente, aponta relatório
Cerca de 60% dos pacientes com câncer são diagnosticados já em estágio avançado no Brasil e, no caso de câncer de pulmão, 87,9% dos casos são descobertos tardiamente. O diagnóstico depois que a doença se espalhou foi identificado como uma das principais barreiras enfrentadas pelos pacientes no acesso ao tratamento, seja pela falta de centros especializados, pelas longas esperas para consultas com médicos especialistas ou pela demora na realização de exames.
Esses dados foram compilados por cerca de 50 entidades brasileiras de combate ao câncer. O movimento Todos Contra o Câncer, que organizou o relatório, tem o objetivo de colaborar com a elaboração de políticas públicas e aponta caminhos para compilar melhor os dados de atendimento ao câncer e criar novos protocolos de saúde. O relatório foi entregue ao Ministério da Saúde na sexta-feira (24) e lançado oficialmente na segunda (27).
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"A área de oncologia tem despertado grandes preocupações devido ao crescente impacto econômico sobretudo em função do diagnóstico tardio (...) que onera o SUS com despesas que poderiam ser evitadas com a prevenção ou diagnóstico precoce", pontua o relatório.
O diagnóstico tardio e o atendimento falho (falta de leitos, de medicamentos, descredenciamento de clínicas por convênios) causa, segundo as entidades, um aumento na mortalidade do câncer no Brasil além de um maior gasto com repetidas internações, necessidade de procedimentos e medicamentos de alta complexidade e atualização constante dos valores pagos por serviços médicos.
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Judicialização
A judicialização é apontada como uma uma nova porta de acesso ao SUS. Hoje, por causa do caráter universal do SUS, quando o convênio ou o governo não fornecem um tratamento ou medicamento, os pacientes podem entrar na Justiça e muitos ganham a causa e conseguem que o procedimento seja pago.
Entre 2009 e 2014, os gastos do Ministério da Saúde com as sentenças judiciais subiram 1.400%, chegando a R$ 1 bilhão gastos anualmente, segundo o relatório
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Novos medicamentos e pesquisas
O Brasil falha ainda, segundo o documento, na agilidade para aprovar os protocolos de pesquisa e novos medicamentos, apesar de avanços recentes como no caso da criação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC), em 2011.
Há demora também na aprovação de novos medicamentos e novas terapias. "O número de análises e aprovações aumentaram consideravelmente desde 2012, mas o número de processos indeferidos ainda é bastante elevado, tendo como alegação a falta de comprovação científica e de eficácia", pontua.
A doença
O câncer representa uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo, com cerca de 14 milhões de novos casos e 8,2 milhões de mortes em 2012. O número de novos casos ainda deverá aumentar em cerca de 50% nas próximas duas décadas e, se nada for feito, em 2030 serão 21 milhões de novos casos e 14 milhões de mortes, sendo que a maior parte ocorrerá nos países em desenvolvimento.
As Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNTs), entre elas o câncer, são responsáveis por aproximadamente 68% das mortes no mundo e 74% das mortes no Brasil
O câncer é atualmente a segunda principal causa de morte no Brasil, atrás apenas das doenças cardiovasculares. Em 2012, foram 191.577 óbitos por câncer, conforme dados do Ministério da Saúde. Quanto à incidência, em seu último levantamento em 2014, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimou 576.580 novos casos de câncer, sendo 302.350 em homens e 274.230 em mulheres.
FONTE: BOL.COM.BR
Colaboração: Eunice Costa
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