A reunião atendeu a um convite do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco CBHSF), com o objetivo de colher mais informações sobre a problemática que vem sobrecarregando o Velho Chico e atingindo indiscriminadamente todas as suas regiões fisiográficas.
“As ideias não prosperam sem que haja tolerância. Estamos aqui para ouvir e conversar. Todos sabem que o Comitê é muito franco em suas avaliações e posições, mas tenham certeza de que somos também cordatos na discussão de questões que estão influenciando as nossas vidas agora e podem comprometer as gerações futuras”, ponderou o presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, ao abrir a reunião
O gerente executivo do Norte-Nordeste do Operador Nacional do Sistema (ONS), Saulo Cisneiros, disse que os problemas de insegurança hídrica vivida atualmente pelo Brasil têm obrigado o setor elétrico a trabalhar com o mínimo do potencial das hidrelétricas e tendo que lançar mão de outras fontes energéticas para garantir o fornecimento ao Nordeste, sendo a energia térmica a principal delas. Questionado se poderia haver um uso maior da energia térmica para poupar o rio, disse que essa fonte de energia já foi utilizada até o limite da capacidade técnica disponível. “Não limitamos o uso por questões econômicas”, garantiu.
Já o superintendente de Operações de Contatos de Transmissão de Energia da Chesf, João Henrique Franklin Neto, que ocupa o cargo desde 1998, admitiu que esta é a mais grave crise hidrológica vivida pelo Brasil, pior até mesmo do que a do ano de 2001, quando ocorreu racionamento de energia. “Só não foi decretado racionamento agora porque temos outras fontes energéticas“, ressaltou.
Vazão
Franklin Neto disse acreditar que as chuvas caiam até o final do ano e possam aliviar o quadro hídrico atual, mas diante de uma situação extrema, não descartou a possibilidade de se reduzir ainda mais a vazão do Rio São Francisco a partir dos reservatórios de Sobradinho e Xingó, mas com muito cuidado. “Nunca fomos para uma vazão de 900 mm/segundo (a praticada atualmente é de 1100 mm/segundo) e não quero dizer que vamos chegar a isso. Se for o caso, vamos para 1.000 mm ou 1.050 mm, mas de uma forma gradativa, analisando os problemas, fazendo adequações necessárias para evitar os impactos na bacia“, disse.
O gerente de Distribuição da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Marcelo de Deus revelou que a usina hidrelétrica de Três Marias, em Minas Gerais, está experimentando uma situação inédita: ter que operar em meio a uma situação emergencial nunca vivida, o que torna todas as decisões e medidas mais difíceis, “ainda mais quando se sabe que a usina foi criada para proteger contra as cheias, ajudando a preservar as cidades a jusante“. As informações são do Comitê.
Blog Carlos Britto
Nenhum comentário:
Postar um comentário