Valor médio pago pelo governo à tabela de procedimentos, sem reajuste há dez anos, está defasado em cerca de 35%
Mais antiga instituição brasileira de saúde, a Santa Casa de Misericórdia atravessa sua maior crise desde que a primeira unidade se instalou em Olinda (PE), em 1539. Contratada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a partir da década de 1990, os hospitais filantrópicos se tornaram um bom negócio ao Ministério da Saúde, que só em 2014 economizou pelo menos R$ 4,2 bilhões ao manter desvalorizado em cerca de 35% o valor médio pago à tabela de procedimentos, sem reajuste há dez anos
O SUS aproveitaria a baixa remuneração para transferir para as santas casas os procedimentos de média e alta complexidade, os mais caros. Os filantrópicos atendem hoje 60% dos pacientes do SUS com câncer, 63% das quimioterapias e 68% das cirurgias. Seis em cada dez procedimentos cardiológicos do SUS são feitos pelas santas casas.
Por um atendimento com observação de 24 horas - incluindo atendimento médico, soro, medicamentos, enfermagem, leito, lavanderia e funcionários da limpeza -, o SUS paga, em média, R$ 12,47 a um hospital filantrópico. Na Santa Casa Nossa Senhora das Merces, em Minas, o SUS remunera R$ 6,88 por uma radiografia que custa R$ 23,42 nos convênios e R$ 40 no mercado.
A crise nas santas casas ganhou o noticiário depois que, em julho, a unidade da capital paulista fechou seu pronto-socorro em razão de uma dívida de R$ 50 milhões. O hospital só reabriu o PS depois de receber R$ 3 milhões da Secretaria Estadual da Saúde.
Atualmente, 83% das santas casas estão endividadas. Em 2005, a dívida de seus 2.500 hospitais estava em R$ 1,5 bilhão. Hoje, gira em torno de R$ 15 bilhões. Desse montante, R$ 8 bilhões se referem a débitos com bancos, R$ 4,8 bilhões a impostos e dívidas previdenciárias e R$ 2,2 bilhões a fornecedores.
Fonte: ig.com.br
Colaboração: Eunice Costa
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