quinta-feira, 14 de março de 2013

CRÔNICA DO DIA


Não queira entender as açucenas

Deixo o sonho seguir, enquanto observo o entardecer desfazendo-se na memória do dia.
E entrego-me às visões que desfilam como sombras vivas, resmungando lembranças antigas.
Não tão antigas, não só lembranças, sentidos ainda pulsantes, sensações...
Deixo-me seguir como água da fonte, fluindo e escorrendo entre os dedos da saudade...
Deixo-me ficar assim, imovel como as açucenas desmaiadas ao sopro do vento...(como são azuis minhas açucenas !!... )
Deixo-me despertar lentamente no sussuro suave das imagens voltando qual borboletas multicores....
E volteiam pelos altos penhascos além do mar
Além da linha do querer
Além da linha do poder
Além de minhas mãos estendidas, além...
E voltam, sempre voltam
Descortinando  e revelando as entranhas dos mistérios escondidos... lá, onde nascem as açucenas
Onde a brisa ouviu os primeiros suspiros
O primeiro tremor de vulcão, arrepiando os ventos do sul e do norte
O primeiro projeto de sonho
O primeiro segredo sussurado
O primeiro cometa em flexa a cortar o céu de amores-perfeitos
A primeira promessa confiada aos corais do cais
E o raio que desprendendo-se das mãos da noite, explodiu em mil beijos numa primeira noite de amor.
Lá, onde o segredo fecha a porta e a alegria liberta os sorrisos de borboletas coloridas, acenderam-se todas as cores do arco - iris

Deixo então o sonho seguir em seu bruxuleante voo ao encontro do mar...

   Luiza Drubi
   Educadora e Poetisa  

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- Kant "Quem não sabe o que busca,  não identifica o que acha." Colaboração: Itazir  de  Freitas