sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

MOMENTO DA POESIA


TRISTEZA
 
Minha velha companheira veio visitar-me.
Olhamo-nos longamente sem ter muito o que nos dizer.
Há pouco tempo deixou meu coração e pensei que não mais voltaria. Mas deve ter sentido falta de seu cantinho de sempre.
Acomodou-se mansamente, sem fazer nenhum barulho, como se jamais tivesse saído. 
Sentí falta dela também, por que negar?
Veio morar comigo quando éramos as duas tão jovens.
Caminhamos juntas todos os caminhos por onde decidí passar.
Sofreu com minhas quedas, meus tropeços, sem reclamar ou dar palpites.
Assistiu todas as partidas e chegadas de sonhos e ilusões,
Acolheu minhas mágoas, curou minhas feridas.
Encolhia-se cada vez que a alegria entrava iluminando tudo, pois sabia que felicidade é fugaz e não assenta em lugar algum.
Jamais queixou-se. Apenas olhava-me com olhos cheios de pena. 
Acostumamo-nos uma com a outra e até ensinou-me a sorrir para não notarem sua presença.
Ah! minha amiga, velha companheira...
...
Sentei-me a seu lado, tomei-lhe as mãos e ficamos assim um bom tempo, pois já não sabemos chorar. Crescemos.
Sentimos o vazio e o estranho silêncio que nos perturba e nos une. Não sei se fica ou volta a me deixar.
Tenho medo de perguntar.

                  LUIZA

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- Kant "Quem não sabe o que busca,  não identifica o que acha." Colaboração: Itazir  de  Freitas