sábado, 17 de novembro de 2012

MOMENTO DA POESIA


QUANDO EU PARTIR

Quando eu partir
não te surpreendas se a noite
se fizer mais escura
e o vento frio penetrar,
sem pedir licença,
nossa janela, entreaberta

E sem pudor, entre as cobertas,
percorrendo tua pele,
provocar arrepios
e envolvendo teu corpo 
em abraços de ternura,
trazer-te antigas lembranças

Sou eu este vento frio
a provocar recordações de outras noites

Não te surpreendas se a dor
da saudade apertar, mais ainda,
na lembrança de nós dois,
se o destino nos impos
malfadada distância
que mal soubemos disfarçar

Eu sou a lágrima de tristeza
que esconde o teu sorriso

Entorne a solidão pela janela
no bojo da escuridão, se acontecer
e vais perceber que já parti,
mas num recanto do quarto
serei o espectro da alegria
escondido em teu passado

Não te surpreendas, portanto
se me encontrares viva,
estremecendo em teu corpo,
vibrando em tuas entranhas,
como lembranças estranhas
de encantos e desencantos
que em ti sempre serei,
depois que eu partir 

Luiza  
 

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- Kant "Quem não sabe o que busca,  não identifica o que acha." Colaboração: Itazir  de  Freitas