quinta-feira, 18 de outubro de 2012

MOMENTO DA POESIA


INFERNO GELADO

Pensei em ti esquecer... quanto pensei !...num lugar escuro e gelado, num canto qualquer da alma.
Esquecer para não sofrer...esquecer a dor refugiada no fundo do rio de minhas inquietações.
Onde um dia afundei, arrastada pelos destroços de minha alma que explodiu na madrugada.
E escureceu na escuridão. E congelou.
.....
E se o inferno existisse realmente ?
E se o inferno fosse gelado ?
E se o inferno fosse então, algumas vidas afundadas no vazio gelado ?
E se o inferno fosse apenas ausência ? Um lago profundo e gelado na profundeza de cada um ?
E se o inferno fosse tão somente dor ?
.....
Falta-me coragem de voltar a sentir todas as sensações de inexistir num branco transparente, de não ser na verdade absoluta.
Falta-me coragem de ser simplesmente humana. Vivendo cada segundos, perdida no meio de milhões de mundos.
Falta-me coragem para observar o sol de cada dia, que não revela nada do que faço.
É inexplicável o sentir-se viva estilhaçada pela dor.
E nesse torvelhinho de sensações, relembrar as paisagens percorridas
Os amores jogados nas ondas do esquecimento, para que atravessem os tempos e aportem em outros corpos, numa praia além.
E voltem a perder-se em outros olhares.
.....
Não me debato. Permito que o gelo se faça em mim, na tentativa de encontrar a paz.
Algo puro e leve e iluminado, como prometido para além da vida. Suavizando as cicatrizes que o corpo esconde de olhares indiscretos.
Encontrar enfim, minha alma flutuando nas águas geladas de uma corrente salgada. Curando suas dores.

 Luiza

 

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- Kant "Quem não sabe o que busca,  não identifica o que acha." Colaboração: Itazir  de  Freitas