Wilson Mattos
Eng. Agrônomo
Rotary Clube de Juazeiro
Ao
historiar é imprescindível deixar clara a concepção de que a humanidade vive, a
cada momento presente, uma realidade cultural produzida por ela própria ao
longo da sua relação com o mundo. Assim devemos conceber que, relevante não é
simplesmente, discorrer acontecimentos em tempos passados, mostrando datas das
ocorrências e as respectivas localizações geográficas dos fatos. Interessante é
assimilar a concepção da vida pelos homens e a sua transformação através da sua
organização social, do desenvolvimento técnicocientífico e seu entendimento,
naquele momento, do mundo como resultado da sua relação social e com a
natureza.
Ao
discorrermos, por exemplo, sobre o descobrimento do nosso país, não podemos nos
limitar a dizer que este fato histórico foi fruto de uma aventura de alguém
que, em determinada data, comandando embarcações, saiu para fazer proezas no
mar e, acidentalmente, aportaram em terra firme que a denominaram de Ilha de
Vera Cruz, Terra de Santa Cruz ou Brasil. O historiador deve promover a
percepção de que foram as condições da época que permitiram determinadas ações.
De que, mais do que uma aventura, à época o modo de produção em desenvolvimento
era o capitalismo mercantil e, ainda, que as incursões ao longo dos mares
resultavam do desenvolvimento da técnica de navegação, da ciência da
observação, ao mesmo tempo em que possibilitavam o avanço da técnica e da
ciência. A conseqüente ampliação do mundo europeu desembocou numa nova ordem
mundial. E nessa nova ordem produzida pelas ações de homens organizados e
cheios de vontade permitiu transformar a realidade mundial do momento. Assim,
devemos ascender ao conhecimento da História, não mais considerando como uma
sucessão de fatos aleatórios explicitados numa sucessão de tempo, mas sim, como
ações humanas organizadas, que possibilitaram a transformação social, econômica,
política e técnica de um certo momento. É fundamental compreender que os homens
estão a todo momento transformando a realidade.
Ao fazer
uma leitura crítica, devemos contrapor à ideia de que a libertação dos escravos
é uma dádiva do governo num certo momento; a independência do Brasil é
resultante da força de vontade de um Príncipe. Devemos, através do entendimento
verdadeiro, compreender que os fatos históricos só foram possíveis na medida
que milhares de pessoas lutaram para alcançar a meta desejada. É a ação de
muitos que produz os grandes líderes. E, o grande líder, não é aquele que
conduz o povo a seu bel prazer. Mas é aquele que, compreendendo a realidade do
momento histórico e as necessidades de um povo, assume a responsabilidade de
coordenar a vontade coletiva, conduzindo-a na direção da construção da nova
realidade que o povo deseja.
Nenhum comentário:
Postar um comentário