segunda-feira, 22 de outubro de 2012

ESPAÇO CULTURAL

 Existe o ofício de escritor?
 Elisabet Gonçalves Moreira 

É com orgulho que muita gente se diz escritor...  Bem, todos nós que escrevemos somos escritores...  Mas essa abrangência se limita aqui ao escritor de livros, ao que produz sobretudo livros de literatura, arte da palavra. E  fica a pergunta sobre este ofício:   será que dá para se viver somente como escritor de livros, sejam eles ficção em prosa ou poesia?
Para alguns privilegiados, sim...   João Ubaldo Ribeiro tratou desse assunto em sua coluna no jornal A tarde, de Salvador ( Vivendo de Brisa, caderno 2, 20/3/2011).  Afirmou que a maioria dos escritores “se vira em jornalismo, no ensino, na publicidade e em outros campos, já que de livro mesmo poucos conseguem sobreviver e ainda menos ficar ricos.”
Existe o direito autoral, porém, quando o escritor é pago, recebe apenas entre cinco a doze por cento do preço final do livro. João Ubaldo estrila com a pirataria pela Internet nos dias de hoje. Fala-se até em acabar com o direito autoral e o livro impresso... bem, estas são outras discussões, mas é bom pensar que alternativas de leitura e produção estão sendo feitas em outros suportes.
Revistas virtuais, blogs estão aí, vistas e lidas em telas de computador, tablets e similares...
Repasso a ironia de João Ubaldo nesta sugestão para um breve futuro:  “Quem quiser ganhar alguma coisa como escritor será obrigado a fazer uma espécie de vestibular e os aprovados terão direito a carteirinha e a receber dois salários mínimos por mês para seu sustento, além de uma eventual bolsa romance, bolsa poema ou bolsa ensaio.”
E também seu protesto: “tudo bem, são os novos tempos, mas os bens culturais “gratuitos” não são produzidos sem custos, pois não existe produto (ou almoço) de graça. Muita gente ganha dinheiro com essa produção, em todos os seus estágios, muita gente é paga. Por que só quem não deve ser pago é o autor?”
Fica registrada – e comentada - a indignação do escritor... O artista é gente que come, dorme e precisa de dinheiro para viver, como qualquer outro mortal, mesmo que seja um “imortal” acadêmico. Ninguém pode ficar “vivendo de brisa” ...

* Mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada – Aposentada pela UPE e IF Sertão.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mensagem

- Kant "Quem não sabe o que busca,  não identifica o que acha." Colaboração: Itazir  de  Freitas