segunda-feira, 3 de outubro de 2011




Nas algarobas do Angari

Olhei hoje para o rio. Não era apenas um rio. Era um imenso lago de
águas tão serenas e polidas, que a cidade refletia-se debruçada em
suas margens.
Tão translúcido que tive medo, por alguns instantes, que também meus
pensamentos se refletissem nele.
Pensamentos que esvoaçavam como os pardais, procurando abrigo nas
algarobas do Angari. E, como eles, procuravam o carinho de um
companheiro para conseguir dormir.
Pensar... sonhar... encontrar...
Como encontram os pardais, naquele reboliço do imenso bando, o seu par
para encostar e dormir ? Não contam seu segredo.
Talvez porque não exista segredo. Acontece naturalmente...
Não há interrogações, explicações. Não se fazem questionamentos
existenciais. Encostam, arrulham e dormem...simples assim.
Será que os pensamentos também possuem esse imã natural ? Encontram-se
a noite e voam ao amanhecer ?
É que são mais ternos quando amanhece, mais doces e cheios de esperança.
Sábios os pardais voam durante o dia e aninham-se ao anoitecer.
Quando escurece, o crepúsculo, porteiro da noite, anuncia a hora de
recolher e, só aos sonhos e desejos é permitido vagar.
Como os pássaros, também eles saem em busca de um peito para aninharem-se.
DIVAGAÇÕES....
Os olhos contemplam o rio...
Os ouvidos acompanham os arrulhos na algaroba...
Os pensamentos...seguem a brisa...

Luiza

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- Kant "Quem não sabe o que busca,  não identifica o que acha." Colaboração: Itazir  de  Freitas