Existe um setor da economia brasileira e da mundial em que ninguém fala de crise. No campo das fontes alternativas de energia, o vento só sopra a favor.
Em 2015, as novas turbinas eólicas erguidas no
mundo agregaram 63 GW (gigawatts) à capacidade instalada de geração elétrica. É
o equivalente a quase seis usinas como Belo Monte e acarretou um investimento
de US$ 329 bilhões.
Nesse mesmo ano, enquanto o PIB brasileiro se
retraía 3,8%, a geração de energia eólica avançava impressionantes 77,1%.
O dado se encontra no "Balanço Energético
Nacional 2016" recém-divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE),
órgão do governo federal, e recebeu destaque no caderno especial "O Brasil
que Dá Certo - Energia Renovável", publicado na quinta-feira (28) pela
Folha de São Paulo.
O desempenho da energia eólica permitiu que
fornecesse 5,81% da eletricidade gerada no país. Com isso, sua contribuição
firmou-se à frente da fatia das usinas nucleares (1,3%) na produção nacional.
A liderança inconteste, como se sabe, segue com a
hidroeletricidade. Turbinas movidas com a força dos rios produziram 66,7% da
energia elétrica consumida no mercado doméstico.
Como se trata de uma fonte renovável (assim como
a eólica e a biomassa), essa modalidade contribuiu para manter a matriz
elétrica brasileira como uma das mais limpas do planeta. Mais de três quartos
da eletricidade aqui produzida provêm de fontes que não agravam o aquecimento
global.
Todas elas, é verdade, inclusive a eólica, sofrem
de um modo ou de outro as consequências da crise econômica que se abateu sobre
o Brasil e da intervenção desastrada do governo Dilma Rousseff (PT) no setor
elétrico.
O consumo de eletricidade recuou 1,9% em 2015,
como seria de esperar com a retração do PIB. Se há poucos anos se falava em
risco de desabastecimento, por força da crise hídrica e do intervencionismo
petista, agora se experimenta uma paradoxal sobra de energia contratada, o que
decerto não ajuda a estimular investidores.
Em termos relativos, contudo, essa situação
anômala abre perspectivas mais promissoras para energia eólica (e até para a
ainda incipiente solar fotovoltaica).
O custo de seus equipamentos está caindo, o preço
de geração já é competitivo e a instalação é mais rápida que a de usinas
hidrelétricas e nucleares, as preferidas das grandes empreiteiras, hoje
enredadas com os próceres do setor elétrico nas malhas da Lava Jato.
Fonte: Folha
de São Paulo
Colaboração:
Umberto Alves.
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