quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

O OLHO DO OUTRO

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Certa vez, um grande amigo do poeta Olavo Bilac queria muito vender uma propriedade, de fato, um sítio que lhe dava muito trabalho e despesa. Reclamava que era um homem sem sorte, pois as suas propriedades davam-lhe muitas dores de cabeça e não valia a pena conservá-las. Pediu então ao amigo poeta para redigir o anúncio de venda do seu sítio, pois acreditava que, se ele descrevesse a sua propriedade com palavras bonitas, seria muito fácil vendê-la.
      E assim Olavo Bilac, que conhecia muito bem o sítio do amigo, redigiu o seguinte texto: 

"Vende-se encantadora propriedade onde cantam os pássaros, ao amanhecer, no extenso arvoredo. É cortada por cristalinas e refrescantes águas de um ribeiro. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranquila das tardes, na varanda."

      Meses depois, o poeta encontrou o seu amigo e perguntou-lhe se tinha vendido a propriedade.
      "Nem pensei mais nisso", respondeu ele. "Quando li o anúncio que você escreveu, percebi a maravilha que eu possuía."

      Algumas vezes, só conseguimos enxergar o que possuímos quando pegamos emprestados os olhos alheios.

Olavo Bilac

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Colaboração: Carmen Costa



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- Kant "Quem não sabe o que busca,  não identifica o que acha." Colaboração: Itazir  de  Freitas